foto da exposição Mundo íris - Brasília Orgulho
Foto feita por Marina Magalhães faz parte da exposição Mundo Íris

O festival Brasília Orgulho anunciou na sexta 12 de julho, em coquetel de lançamento de sua programação, o tema que visibilizará e debaterá em 2024: pessoas idosas LGBT.

O lema definido pelo coletivo organizador do festival é “60 + Orgulho. Terceira idade LGBT: visibilidade, inclusão e políticas públicas”. É a primeira vez no Brasil que um evento celebrador do orgulho LGBT tem esse foco.

A decisão veio tanto da importância de enxergar e incluir esse segmento quanto de desconstruir a ideia comum dentre jovens de que chegar à terceira idade seja algo amedrontador e anulador de relações amorosas, sonhos e realizações em diversos âmbitos.

A proposta, inclusive com o slogan do festival, é mostrar que depois dos 60 anos de idade há mais, inclusive orgulho de ser LGBT.

O festival, realizado de 13 a 28 de julho, tem várias atividades que tratam do tema. Uma delas são vídeos gravados com pessoas idosas LGBT do Distrito Federal para serem veiculados pelo Instagram do Brasília Orgulho.

A proposta é dar voz ao segmento pra que mostre tanto como foram suas vidas como pessoas LGBT em tempos de ainda mais estigmas e preconceito quanto como vive a terceira idade.

Outra iniciativa é a Mundo Íris, exposição de fotos do festival. Sob curadoria do jornalista e co-coordenador do Brasília Orgulho Welton Trindade e da fotógrafa Mariana Guedes, foram selecionadas sete imagens.

O público pode conferir as obras na estação Central do Metrô, que apoia o evento.

Na sexta 27, será realizado o Seis Cores, debate ativista do festival. Das 15h às 17h, no Sesi Lab, na área central de Brasília, estudiosos, representantes do Poder Público e operadores de direito tratarão da relação da terceira idade com a diversidade de orientação sexual e identidade de gênero e a realidade de pessoas LGBT idosas em vários aspectos.

O cinema também fará o papel de mostrar como foi a trajetória de quem hoje possui mais de 60 anos de idade. Na segunda 22, no Cine Brasília, será lançado o documentário “Um salto alto. A história da arte transformista do Distrito Federal”, da drag queen e jornalista Lushonda.

Na ocasião, será homenageado o dono da primeira boate gay de Brasília, Oswaldo Gessner. Sob ditadura militar e na nascente capital federal, nos anos 1970 e 1980 ele abriu as portas da Aquarius.

Na sexta 27, aí no Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul), às 17h, será feita exibição especial do documentário Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez.

O grupo de teatro e dança brasileiro, atuou de 1972 a 1976, e era formado por 13 homens. Por meio de sua arte, além de outras questões, tabus sobre gênero e homossexualidade eram desafiados.

A arte do festival Brasília Orgulho tem estética dos anos 1960 e 1970. Há inspiração no festival Woodstock (1969) e no Flower Power, vindo da luta dos hippies em prol da não-violência e do repúdio à Guerra do Vietnã (1959-1975).

As pessoas idosas atuais hoje viveram essa época. Portanto, a criação artística tem potencial de despertar memórias nelas.